Minc é vaiado em audiência pública na Alerj


De um lado, moradores de Angra dos Reis com faixas e cartazes ‘o Tebig é nosso`. De outro, moradores de Maricá também com faixas e cartazes com dizeres ‘SOS Jaconé porto não`. Revolta, tensão, manifestação, vaias, pessoas que não puderam entrar na audiência por falta de espaço.

Carlos Minc, secretário estadual do Ambiente, comparece, fala por 40 minutos sobre diversos assuntos, e por último, bate o martelo e diz: “Gostem vocês ou não, é uma decisão de governo não conceder a ampliação pelos motivos que já mencionei”. Entretanto, nenhuma explicação convincente foi dada e Minc saiu antes da audiência terminar sob protestos e vaias.

Foi nesse clima que aconteceu hoje (3) a audiência na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), pedida pelas autoridades políticas do município e por sugestão do deputado estadual Gustavo Tutuca (PSB) que presidiu parte da audiência.

O prefeito Tuca Jordão (PMDB) destacou o conflito de ideias quando a Petrobrás afirma que a melhor viabilidade é Angra e o governo estadual diz que não, no entanto, pede um debate técnico e a sensibilidade de Carlos Minc sobre o assunto. “Vamos debater tecnicamente sobre o assunto e respeitar as opiniões. Crime vai ser a perda no orçamento de R$ 400 milhões, porque não vamos ter como investir em educação, saúde”, afirmou o prefeito.

O gerente executivo de desenvolvimento de logística da Transpetro, Paulo Pechinna, apresentou aos presentes o plano diretor feito do Tebig há 35 anos, quando foi construído, e a modernização que será feita, sem impactos ambientais, destacando três pontos importantes que a Transpetro analisa em qualquer projeto que vai ser realizado: primeiro, se é viável economicamente; segundo, tempo de viabilidade do empreendimento; terceiro, sustentabilidade dentro das características ambientais; e conclui falando a posição da empresa: “O Tebig é o projeto que nos atende, porque não teremos que investir em uma nova construção. Até a localização do Tebig favorece a ampliação, já que o objetivo é a exportação. Com a modernização do Tebig, não haverá a necessidade de ampliação da área de fundeio atual, porque o plano diretor já previa isso”, explica Paulo Pechinna.

Porém, Carlos Minc, que se tornou o grande vilão do movimento ‘O Tebig é nosso’, faz as explicações técnicas e políticas em seu ponto de vista, e tenta esclarecer dois pontos: primeiro, que o projeto Maricá não tem nada a ver com a ampliação do Tebig; segundo, a posição do governo. “O Rio de Janeiro é o estado que mais desenvolve e é o estado que menos desmata a Mata Atlântica. Pode ser a melhor opção, mas a nossa área técnica afirma que por causa da biodiversidade, pesca e turismo, este não é o local mais apropriado”, pontua e enfatiza mais uma vez: “Gostem vocês ou não, é uma decisão de governo não conceder a ampliação pelos motivos que já mencionei”, finaliza.

Diante dos protestos, e várias pessoas saindo do auditório também, o presidente da Câmara Municipal de Angra dos Reis, José Antônio Azevedo (PCdoB), pediu ordem e calma aos presentes. “É isso que o Minc quer. Desestabilizar o nosso movimento para ganhar”, afirmou José Antônio ao lastimar o comportamento do Minc. “É lamentável esta atitude do Minc. Já que o secretário não teve a delicadeza de nos ouvir, e a Transpetro já disse que é mais viável, o Minc é mentiroso e um grande artista”, disse José Antônio.

O deputado federal Fernando Jordão (PMDB), visivelmente irritado com a fala e atitude do Minc, coloca seu ponto de vista. “O que o Minc fez agora foi um autoritarismo e desrespeito a população. Se a ampliação não acontecer, é melhor entregar nossos cargos públicos porque não vamos ter coragem de encarar a população”, afirmou o deputado federal.

Vários deputados estaduais que estiveram presentes na audiência, manifestaram apoio a ampliação do Tebig. “Não tem como dizer que não haverá ampliação do Tebig”, disse Inês Pandeló. “É uma decisão política. Cabe ao Sérgio Cabral decidir. Minc não decide nada”, afirmou Luiz Paulo. O deputado federal Luiz Sérgio, em sua fala citou a diferença entre Carlos Minc e Sérgio Cabral. “A diferença entre o Minc e o Cabral, é que o Minc coloca sua posição abertamente que é contra. Cabral não se pronuncia”, disse Luiz Sérgio, enfatizando que Minc nunca foi a favor da construção das Usinas Nucleares no município, entretanto, concedeu a autorização. O senador Lindenberg Farias defendeu e comprou a briga da modernização do Tebig.

Por causa do horário determinado para o encerramento da comissão, que consta no regimento interno da Alerj, 16h30min, a audiência terminou sem os presentes fazerem suas indagações. Uma nova audiência foi marcada para o próximo dia 18 em Angra dos Reis, e os deputados se comprometeram em convocar o governador Sérgio Cabral, que já afirmou publicamente que não se intromete em questões ambientais, a comparecer.

Também estiveram presentes na audiência: o senador Linderberg Farias Filho; o subsecretário estadual do ambiente, Luiz Firmino; os deputados estaduais, Luiz Paulo Correa, Andrea Busato, Rafael do Gordo, que também presidiu a audiência; o vice-prefeito Essiomar Gomes (PP); secretários de governo; a professora Conceição Rabha; o jornalista João Carlos Rabello. Todos os vereadores de Angra dos Reis compareceram a audiência.

Fonte: A Voz da Cidade

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