Conselho dos Pastores: prioridade ou oportunismo?

Por Adilson Pereira - Após uma reunião, dia 10/07, anunciando a provável criação do Conselho dos Pastores, proposto pelos próprios, com a atribuição de participar da gestão do orçamento municipal de 2011, lembrei “Romanos 13:1”. O versículo fora usado por líderes religiosos, dentro de suas conveniências, para justificar o apoio da Igreja Católica ao regime nazista, na figura do Papa Pio XII, e a simpatia de diversos ramos da Igreja Protestante ao regime imposto pelos militares, em 1964, expresso brilhantemente pelo pastor batista Isaltino Gomes Coelho Filho, quando cita a ideia que imperava na década de 70: "A esquerda é ateia e materialista; logo, é demoníaca. O regime veio combatê-la; logo, o regime é bom”. Ele também lembra que “uma Igreja não é curral eleitoral nem propriedade do pastor. A Igreja não é da direita, nem da esquerda e nem do centro... É de cima. Tentar colocá-la a reboque de qualquer ideia política é praticar reducionismo teológico e desvesti-la de sua grandeza e singularidade”A história tem mostrado que todas as vezes que o poder religioso abraça um poder político é engolido por ele e se descaracteriza. Já vimos com que facilidade os referenciais da fé se perdem quando se é seduzido pelo poder político.
O versículo passou, descabidamente, a divinizar o Estado, esquecendo que o Estado é um arranjo humano. Neste versículo, o apóstolo Paulo escreve a uma comunidade perseguida pelo poder político, logicamente tentada a negar a função de tal autoridade. O que Paulo fez não deve ser tomado como legitimação de qualquer autoridade política ou forma de sociedade. Ele apenas mostra o fundamento e, ao mesmo tempo, o limite da autoridade que por direito só pertence à natureza de Deus. Só Ele é Senhor e juiz absoluto sobre os homens. A vinda do Messias deixou claro que nenhuma instituição, seja ela política ou religiosa, tem caráter absoluto ou intocável. Todas têm caráter relativo e provisório, sendo passíveis de revisão, crítica, renovação e reformulação.    
Comecei a ter minhas dúvidas quanto ao envolvimento de pastores na política maricaense quando, na 1ª Marcha para Cristo, em Itapeba, o evento serviu de palanque para que a primeira-dama voltasse, na maior cara de pau, a nos empurrar suas “verdades” já bem conhecidas, com a benção de alguns “Homens de Deus”. Retornei meus pensamentos aos conchavos político-religiosos da Idade Média. Será que Joana D’Arc foi queimada viva em vão? A Revolução Protestante e a Queda da Bastilha se deram por nada? O Iluminismo se transformou num apagão?
Mas, tenho o péssimo hábito de acreditar nos homens. Acredito que os “Homens de Deus” não tenham interesse financeiro na empreitada, pois “ninguém pode servir a dois senhores... Ou servimos a Deus ou a Mamom*”. Acredito que os “Homens de Deus” ordenaram que o alcaide tivesse mais respeito com a merenda escolar, “porque das crianças é o reino de Deus”. Acredito que os “Homens de Deus” lembraram a uma autoridade tão cercada de seguranças, que o mandamento diz “amem-se” e não “armem-se” uns aos outros. Acredito que os “Homens de Deus” negaram veementemente que Cristo tenha transformado água em vinho para que o alcaide faça da embriaguez um estilo de vida. A dedicação rígida e estreita obtém o sucesso que a boemia não alcança. Acredito que os “Homens de Deus”, antes de qualquer coisa, cobraram do alcaide a vida em pecado, desrespeitando a primeira instituição Divina: a família. Acredito, fortemente, que os “Homens de Deus” aproveitaram a excelente oportunidade do dia 10/07 para lembrar ao alcaide que “vida” é uma promessa Divina, não devendo ser tratada com tamanha insignificância, e exerceram seu dever contrapondo-se ao fato do hospital municipal ter ceifado 143 vidas em 4 meses, deixando mães em prantos. “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados”. Acredito, cegamente, que os “Homens de Deus” obedeceram a última ordem de Cristo e evangelizaram de imediato o alcaide e sua companheira ainda chorosos pela morte de seu pai-de-santo.
Mas, posso estar enganado em minhas crenças. Caso os “Homens de Deus” tenham esquecido, convenientemente, de exercer seu dever cristão, valem as palavras de Cefas**: “Se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, foram outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Melhor lhes seria não ter conhecido a Verdade do que, conhecendo-a, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo, sobreveio-lhes o que diz o provérbio: o cão voltou ao seu próprio vômito e a porca lavada voltou a revolver-se na lama”. (2Pe 2:20-22)      
Ao contrário da primeira-dama, a “Verdade” do cristão vem d’o Verbo que se fez carne***, e Ele teve seu posicionamento na questão política x religião: “A Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus”. Ele, mais que ninguém, sabia que “o poder apaga o pudor”.

*Entidade pagã que representa as riquezas.
**Pedro, apóstolo de Cristo.
***Jesus Cristo, segundo o apóstolo João.
Fontes: A Bíblia Sagrada e o bom senso.  

Comentários

  1. Essa raça vive do oportunismo sim.Dos mais ingênuos e mais fracos de alma e dos sem cultura.Tá mais que comprovado que eles tiram até o ultimo centavo de quem se envolvem .O mais triste é saber que tem gente que acredita neles e não em DEUS.

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  2. São bigamos, dormem com Deus e acordam com diabo.

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