Mais duas pobres almas morrem no Portal da Morte

Maricá, 22/09/2011 - Ontem (21), eu, Marcelo Bessa, repórter e editor deste site, após a sessão na Câmara de Vereadores, resolvi dar uma "blitz" no Hospital Municipal Conde Modesto Leal, desta cidade, atualmente conhecido como "O Portal da Morte", devido à quantidade de pessoas que morreram e morrem ali, diariamente, por descaso e incompetência desse atual governo do "PT" que se instalou em nossa região, exclusivamente para se locupletar das nossas riquezas, a sangue frio, sem nada fazer em prol do povo.

Caía a tarde, quando as luzes da cidade se acendiam. Meu relógio marcava exatamente18h10 no instante em que eu subia a rampa de acesso ao "Portal". Na recepção, muitas pessoas aguardavam para serem atendidas.
Como o meu objetivo inicial era a enfermaria, visualizei imediatamente o portão de acesso, gradeado, fechado, com um senhor, meio que melancólico mas com um certo olhar de buldog, do lado de dentro, sentado a uma cadeira como se fora um porteiro e com sua mão esquerda agarrada à uma das grades. Pensei: "ele vai me embarreirar...mas se eu der uma de "João sem braço", fazê- lo achar que eu já havia estado lá dentro e saí pra tomar um cafezinho, atender o celular ou algo desses gêneros, talvez dê certo e eu consiga entrar." Assim, aproximei-me do portão fazendo cara de poucos amigos e fingindo que o velhinho mal encarado ali nem existia. No momento que pus minha mão na maçaneta, ele retirou a dele da grade. "Tô dentro!", pensei, com uma leve satisfação interior, entrei enfim, no tenebroso Portal da Morte.

Sala de esterilização
Primeiramente fiz um "tour" de reconhecimento, percorrendo por todos os cantos, abri portas, olhei tudo, xeretei à vontade. Tive a sensação de que eu poderia, até, ficar ali para sempre, numa boa. Deus que me livre! Bem, durante essa minha andança não avistei médico algum, mas passei por duas enfermeiras que, creio, nem notaram a minha presença. Lembrei da senhora que estaria ali, em algum quarto, há cerca de 15 dias, com o pé fraturado precisando de cirurgia, aguardando transferência. Por sorte, avistei alguém que dava pinta de ser algum médico saindo de um dos quartos. Fui até ele e perguntei sobre a tal senhora e ele disse que pessoas assim, nesse estado, costumam ficar no "pós-operatório": "vai reto e depois vira à esquerda..." disse ele, virando as costas e sumindo em outro corredor. Fiz como ele disse e a encontrei num quarto que estava aberto. Além dela, havia também outro rapaz deitado numa das camas, com o braço enfaixado na mesma situação, esperando para ser transferido pois precisava ser operado. Notei que um cheiro estranho impregnava o ambiente, o que me incomodou bastante...bati foto de tudo, inclusive da documentação daquela senhora e dos prontuários médicos.

Rapaz há 2 dias espera transferência
Senhora há 20 dias aguardando cirurgia
Hospital fantasma


Pacientes abandonados
No quarto ao lado, havia mais pessoas doentes deitadas nas camas e o mesmo cheiro iniciava uma mudança de gosto em minha saliva. Não aguentei permanecer mais tempo ali e saí. Próxima parada, o ambulatório. Porém, antes passei pela sala de esterilização e notei um pedaço da porta com defeito, o qual mantinha o recinto exposto e, enxerido que sou, vi uma bagunça tremenda com frascos amontoados nas prateleiras e poeira em tudo que era canto. Outra sessão de fotos. Chegando ao ambulatório, sentei-me numa das "poltronas" e me senti dentro de um salão de belezas, uma fofocada terrível, as pessoas não paravam de reclamar. Num determinado instante, iniciei conversa com um senhor que estava sentado recebendo soro ao meu lado.

Nenhum'alma viva
Enquanto isso, uma mulher apareceu muito nervosa a procura de um médico, pois sua mãe que recentemente tivera um ataque epilético estava há horas sem receber visita sequer de alguma enfermeira. Tive vontade de ir até onde ela estava para registrar a sua agonia, afinal, naquele momento, era o meu trabalho, entretanto, o senhor que estava ao meu lado, esquentava a nossa conversa. Disse-me que já estava ali há 2 semanas, devido a uma queda de pressão mas que já se sentia melhor. Comentei a respeito do meu amigo Zé Paraibinha que havia falecido ali na terça-feira passada e ele se lembrou do caso: " foi um que caiu e bateu com a cabeça?", perguntou. "Sim", respondi, "esse mesmo. Deu entrada aqui, uma semana antes com traumatismo craniano e ficou esperando transferência pois aqui não tem UTI nem CTI nem neuro, nem nada e aí, infelizmente ele não resistiu e veio a falecer.Foi uma tristeza só. Ele era muito querido na comunidade" comentei. Então o senhor me disse: " meu rapaz, se não me engano, nesse dia, foi uma terça, né? morreram 4! Depois nos outros dias outras pessoas morreram também. Acho que semana passada foi pra lá de 10 que morreu. Hoje eu sei que morreu mais 2!" disse. "É mesmo?" indaguei. "É!" ele respondeu, "eles devem tá lá na pedra agora". "Que pedra?" eu quis saber. "Lá na capela onde ficam os que morrem até a funerária ir pegar" concluiu. Bem, não me restava outra alternativa se não constatar o que esse senhor havia me revelado naquele momento. Perguntei a ele como eu chegava lá nessa tal "pedra" e ele me explicou direitinho, dizendo que tinha uma porta que dava acesso do lado de fora pela rua ao lado do hospital. Então saí do hospital e fui à rua do lado. Localizei a tal porta. Olhei pr'um lado, olhei pro outro, vi que que não vinha ninguém e abri-a. Deparei com outro portão de grades fechado, mas vi que se tratava de um recinto de paredes ladrilhadas com 4 espécies de cama em mármore branco, uma em cada canto e, próximo a duas delas estavam 2 sacos plásticos com ziper, jogados ao chão. Adentrei com minha câmera através dos vãos das grades e fotografei aquilo.

Há poucos instantes de serem levados pela funerária os corpos estavam ali

Depois, voltei aonde estava aquele senhor, encontrei-o e disse que não havia corpos, só dois sacos plásticos e ele me disse: "Ah, então cabaram de levar!"

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