Incêndio em boate deixa 234 mortos em Santa Maria


(Reuters) - Um incêndio deixou centenas de mortos e dezenas de feridos, em sua maioria jovens, durante um show em uma casa noturna na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, na madrugada deste domingo, disseram autoridades locais.

A maioria das mortes foi causada por asfixia e pisoteamento, informaram as autoridades.

Segundo o major Cléberson Bastianello, comandante do Batalhão de Operações Especiais, que confirmou no fim da manhã o número de mortos, há 48 pessoas sendo atendidas em hospitais.

Havia cerca de 500 pessoas, na maioria jovens, dentro da boate Kiss quando o fogo teve início, por volta das 2h30 da madrugada deste domingo, segundo o major Gerson da Rosa Ferreira, da Polícia Militar gaúcha. A festa reunia, principalmente, estudantes universitários da cidade.

"A boate estava cheia, como quase sempre, pois é uma boate conhecida. Quando me deparei, eram corpos pelo chão. Foi muito chocante", disse Taynne Vendrusculo, estudante que estava na boate, em entrevista à Globo News.

Os primeiros atendimentos às vítimas foram dados no estacionamento de um supermercado ao lado da boate Kiss, que fica no centro da cidade.

Homens com picaretas tentavam quebrar as paredes para ter acesso ao local e resgatar as vítimas, durante a madrugada.

Segundo a Brigada Militar, já não havia mais corpos de vítimas no local do incêndio no fim da manhã.

A delegada Luíza Sousa, da 2ª Delegacia de Polícia Civil, disse que acontecia um show de uma banda gaúcha quando um dos integrantes acendeu um sinalizador dentro do local.
A faísca desse sinalizador tocou o teto, que tinha um revestimento de espuma e isopor. "O fogo espalhou-se em segundos", disse a delegada à Reuters.

A delegada informou que um dos fatores para o agravamento da tragédia é que havia um grande número de carros estacionados na porta do estabelecimento, o que impediu a saída das pessoas. Ela disse, porém, que os carros não estava irregulares e que era permitido o estacionamento no local.

O major Ilvair Vianna, diretor do Hospital da Brigada Militar de Santa Maria, informou que chegaram mais de duas dúzias de feridos ao hospital.

"O que deixou a situação mais difícil parece que foi a saída. Tudo está meio confuso no momento. Ainda bem que a infraestrutura daqui é boa, conseguimos dar pronto socorro a muitas das vítimas", disse ele no início da manhã à Reuters.

Parentes das vítimas foram levados para fazer a identificação em um centro esportivo da cidade onde os corpos foram reunidos.

"A partir de agora passaremos a liberar o acesso aos familiares, para o ginásio", disse o major Bastianello, acrescentando que a maior parte das vítimas identificadas até agora foi de homens, que portavam documentos.

O governador do Estado, Tarso Genro, seguiu para a cidade, a cerca de 350 quilômetros da capital Porto Alegre e com cerca de 260 mil habitantes.

A presidente Dilma Rousseff, que estava no Chile, cancelou os compromissos no país e antecipou o retorno ao Brasil. Dilma deve ir a Santa Maria, segundo a assessoria da Presidência.

"Neste momento de tristeza estamos juntos e iremos superar mantendo a tristeza", afirmou chorando, durante entrevista.
Dilma disse que a cidade possui uma boa estrutura e que ministros estavam a caminho para prestar apoio.

"O Rio Grande do Sul tem uma estrutura ali naquela região, de saúde, mas também nós deslocaremos tudo que for necessário. Lá tem uma grande base da Aeronáutica", ressaltou a presidente.

(Reportagem de Ana Flor, Guillermo Parra-Bernal e Esteban Israel em São Paulo)



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