Lençóis freáticos em Itaipuaçu próximos à atividade de mineradora estão ficando secos


Moradores bairro dos Cajueiros em Itaipuaçu têm detectado que, em alguns poços artesianos, a água está desaparecendo. Um deles, morador no local há treze anos, escreveu há cerca de um mês à nossa redação, para a seção "reclame aqui", via e-mail, reclamando que o seu poço havia secado (confira). Em sua reclamação, cita como um dos causadores uma mineradora que atua, segundo ele, clandestinamente na extração de areia bem atrás do seu condomínio às margens da Lagoa Brava.

Lagoa Brava
É importante saber que, historicamente, há poucos anos antes da construção do asfalto na estrada dos Cajueiros, em dias chuvosos, quem vinha de Inoã para Itaipuaçu não conseguia atravessar o loteamento. O lugar enchia d'água. Há boatos e depoimentos de pessoas, personagens de tempos idos, época em que Beneditinos instalaram-se na região, certificam que ali havia uma lagoa, ou senão um enorme brejo o qual, em tempos secos, era denominado, pelos próprios frades da Ordem de São Bento, como chavascal. Hoje, os moradores inocentes daquela região já sentem e anteveem os efeitos trágicos que podem advir devido às transformações geográficas manipuladas por interesses de grupos poderosos, há anos.

Antigamente, naquele local, as águas da chuva desciam para as lagunas e para o mar naturalmente através do rio Cassorotiba, deslizavam pelos cajueiros até a lagoa Brava e de lá drenavam pelo canal de São Bento até a Lagoa de Maricá. Atualmente, o rio Cassorotiba encontra-se dividido em três: rio Taquaral, rio Vigário e rio Bambu, mudando obviamente o curso natural das águas. O rio não cai mais na Lagoa Brava, que está secando, agonizante. Há tempos, ali, no entorno de suas margens, funciona uma mineradora extraindo-lhe areia e turfa. Tal local é, ora, denominado Fazenda Pedra Grande, ou S.E.A.I. Concomitantemente, o regato que vem da Pedra das Cachoeiras e atravessa as pontes da Estrada Velha de Maricá e a linha férrea na entrada do loteamento 'Manu Manuela' em direção ao Beco dos Macacos foi desviado para o interior da tal Fazenda, interrompendo a sua passagem e, presume-se, facilitando o processo de extração.

Em 2010, enchente na Reserva Verde
No verão de 2010, houve uma grande enchente em todo o município de Maricá. Em Itaipuaçu, por toda a região do antigo chavascal, principalmente na localidade conhecida como Reserva Verde, a água cobriu todas as residências, desabrigando centenas de famílias. Foi, na época, uma tragédia.

Na Reserva Verde, milhares de casas
estão sendo construídas
Após essa inundação, nada foi feito pelo poder público, nem para remediar, tampouco para prevenir e o mesmo, em conluio com o Cartório de Registros local, tradicionalmente desde a chegada de Thomé Feteira à região, continua loteando áreas de risco. Um grande condomínio de casas populares do programa Minha Casa Minha Vida está sendo construído dentro da área do chavascal, onde sempre foi brejo, onde um dia existiu uma lagoa. Justamente aonde houve tal adversidade. Tal empreendimento prevê a construção de milhares de unidades residenciais.

Nos últimos anos, diversas cidades viraram brinquedos nas mão da natureza. Entramos em contato com a Prefeitura, via e-mail, com o seguinte questionamento:

De: Itaipuaçu Site [itaipuacusite@gmail.com]
Enviado: quinta-feira, 27 de dezembro de 2012 12:30
Para: Rafael Gonzalez Zarôr
Assunto: Solicitação de explicações à prefeitura sobre extração de areia e turfa na Lagoa Brava
Boa tarde!
Ontem nossa equipe de reportagem esteve na Lagoa Brava, em Itaipuaçu, e constatou o secamento da lagoa devido à extração de areia e turfa no local. Vimos também, que lá, existe uma placa de autorização datada de 2005.
Antes de publicarmos a reportagem, gostaríamos de saber da prefeitura qual é o motivo de tal degradação, apesar da CF garantir a preservação de sistemas lagunares, e para onde está sendo levado o material extraído.
Desde já agradecemos e ficamos no aguardo de uma resposta antes de publicarmos a matéria.
Atenciosamente,
Marcelo Bessa
Editor chefe
ItaipuaçuSite - O site oficial de Itaipuaçu
7765-8919 / 9152-4818

A Prefeitura enviou-nos a seguinte nota:

Olá Marcelo Bessa. Com base na imagem que você nos enviou e numa visita feita hoje mesmo por uma equipe da secretaria municipal de Ambiente e Urbanismo, a Prefeitura de Maricá esclarece:
- O local mostrado na imagem, que fica próximo à Estrada dos Cajueiros, não possui ligação com a Lagoa Brava, em Itaipuaçu. Trata-se de propriedade de uma mineradora particular, que exerce legalmente a atividade de extração de areia, com as devidas autorizações de órgãos estaduais e federais.
- A Lagoa Brava, como outras na cidade, é perene e apresenta períodos de redução do espelho d’água. Esse fenômeno, motivado por fatores naturais, é comum nessa época do ano, por causa da escassez de chuva.
Qualquer dúvida estamos à disposição.
Att

Rafael Zarôr

FSB COMUNICAÇÕES


Prefeitura de Maricá
Cel.: 21 7282-0275 (Vivo)
21 2637-2052 ramal 301
21 8158-0934

Em seguida, não satisfeitos, enviamo-lhes outra foto com o seguinte texto: 

De: Itaipuaçu Site [itaipuacusite@gmail.com]
Enviado: quinta-feira, 27 de dezembro de 2012 13:03
Para: Rafael Gonzalez Zarôr
Assunto: Re: Solicitação de explicações à prefeitura sobre extração de areia e turfa na Lagoa Brava


Obrigado por responder.
Só pra ficar melhor esclarecido, na foto que enviei, no anexo, a imagem é de uma propriedade particular?
Cordialmente,
Marcelo Bessa

Algumas horas depois chegou-nos a seguinte resposta:

Marcelo,
não posso afirmar que a foto foi tirada de dentro de uma propriedade particular. O que a nota afirma é que a imagem mostrada refere-se à atividade da mineradora, que é um empreendimento particular, localizado fora da lagoa Brava.
Att.

Rafael Zarôr

FSB COMUNICAÇÕES


Prefeitura de Maricá
Cel.: 21 7282-0275 (Vivo)
21 2637-2052 ramal 301
21 8158-0934



Comentários

  1. todos estes empreendimentos deste porte,para que seja liberada licença,teria que ser feito estudo de impacto ambiental,sera que este estudo existe?
    e que este tempo de 2005 ete hoje,não teria que ser avaliado e atualizado,junto aos poderes Municipal,Estadual, e Federal?
    vamos ficar atentos

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  2. Faço minhas, o comentário do seu leitor.
    "todos estes empreendimentos deste porte,para que seja liberada licença,teria que ser feito estudo de impacto ambiental,sera que este estudo existe?
    e que este tempo de 2005 ete hoje,não teria que ser avaliado e atualizado,junto aos poderes Municipal,Estadual, e Federal?
    vamos ficar atentos ...."
    Nós temos que dar muita atenção a fatos como esse, porque em alguns lugares está sobrando água e noutros, faltando, muitas vezes, por conta de atividades que degradam os mananciais.
    Olho vivo nessa gente, que, como não respeitam o meio ambiente, não estão nem aí para as devidas formalidades para implantar uma mineradora, acobertados que são, por políticos inescrupulosos.

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  3. A Caixa Econômica está financiando a cosntrução de quase 1.500 casas ao lado do rio que transbordou na enchente de 2010. É muita falta de respeito para com as pessoas, destiná-las um local de alto risco para moradia. O pior de tudo é que está sendo construído apressadamente, com dinheito público, a fim de ser inaugurado antes das eleições presidenciais.

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  4. Prezados, autoridades tem que atuar no problema com URGENCIA, pois do jeito que as coisas estão andando, ou seja, velocidade METEÓRICA...em
    breve não teremos nem mais a lagoa...
    Situação de EMERGENCIA...alguem tem que fazer algo para impedir que continuem distruindo o meio ambiente...

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  5. E a delegacia de crimes ambientais? Eles poderiam nos ajudar nessa empreitada? Estive lá pessoalmente e fiquei chocada com o que estão fazendo, a Lagoa brava está morrendo!!!

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  6. sou morador da reserva verde e sei que vai acontecer uma enchente ainda pior que a de 2010 coitada dessa gente que vão receber estas casas.

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