História de Maricá: a instalação e soberania das oligarquias

Por Cleber Fernandes / Capítulo IIOs Barões, os Duques, os Marqueses e toda classe burguesa da época, podemos até citar alguns deles: Mariano José Pereira da Fonseca, o Marquês de Maricá, José Antônio Soares Ribeiro, o Barão de Inoã, Antônio de Menezes Vasconcelos de Drummond, rico fazendeiro entre outros que também tinham grandes propriedades, usufruíam das belezas naturais de nossa região, rica em pesca, em agricultura e recursos hídricos e lagunares, a farta alimentação marinha e vegetal, aliada as belezas naturais, proporcionava aos então senhores uma estadia tranquila e bem salutar. Reuniões e grandes festas ocorriam nas fazendas e algumas até hoje ainda tem alguma forma de produção agropecuarista decadente. 

Infelizmente, poucos sabem que a Pia Batismal de D. Pedro II existia em uma dessas fazendas até bem pouco tempo, foi vendida como sucata para algum brechó para atender alguma necessidade mesquinha de algum indivíduo pouco avisado do real valor da história para os brasileiros.

Como este que vendeu peças raríssimas do patrimônio histórico e cultural de nossa região, muitos outros por aqui passaram tão somente para usufruir, usurpar e retirar riquezas de nossa região e muitos desses só fizeram levar, fazendo com que durante muitas décadas nossa região sofresse uma verdadeira avaria geográfica, econômica e cultural sem precedentes. Como exemplo disso se relaciona a areia da Praia de Itaipuaçú, que é conhecida mundialmente por sua granulosidade bastante especial que ao longo de muito tempo foi retirada sem qualquer controle pelos mesmos “Conquistadores” vestidos de “Novos Burgueses”e beneficiados políticos e o pior de tudo que ainda continuam fazendo isso nos dias de hoje. Mas isto é material para um outro capítulo.

Com a Proclamação da República em 1889, a Vila de Santa Maria de Maricá, foi elevada a categoria de Cidade e a atividade econômica em geral acabou por fixar-se em atividades agropastoris, indústrias de pequeno porte, exploração mineral,construção civil, pesca e turismo, produções e riquezas estas que eram transportadas pela ferrovia que estava em pleno desenvolvimento e funcionamento. Os vilarejos de São José, Inoã, Calaboca entre outros tinham suas próprias estações ferroviárias e destes povoados seguiam para os grandes centros da época grande parte do que era produzido pela região.

Com o passar dos anos o que se assistiu foi a destruição de patrimônios culturais, turísticos e geográficos de nossa região para que dessem espaço aos interesses econômicos destes Novos Burgueses além do empobrecimento das classes menos favorecidas que passaram a ser submissas as classes mais privilegiadas.
Como dizia, em 1889 foi inaugurado também o trecho de linha férrea entre Rio do Ouro e Itapeba, a três quilômetros da Vila de Maricá, que neste mesmo ano, foi elevada à categoria de cidade conforme já falamos anteriormente e este trecho trouxe a região muito desenvolvimento no que diz respeito ao transporte dos produtos e de pessoas. Várias publicações comentam que o progresso chegou a região com este meio de transporte e muitas apresentam imagens das antigas estações, fotos bucólicas de estações e trilhos de uma época que deveriam ter sido preservadas em sua forma física e que não houve preocupação nenhuma por parte dos “poderosos”em relação a transformá-las em registros históricos vivos.

Com a queda do Império muitos dos Burgueses foram aos poucos abandonando nossa região e empurrando literalmente ao abandono muitas áreas de “Nossa Sesmaria”, deixando ao bel prazer da república a transformação de lugares, formas de comércio e prioridades turísticas e culturais para uma outra oportunidade que jamais vieram a se concretizar.

Na década de 30 chegou ao Brasil, vindo de Portugal, Lúcio Thomé Feiteira, empreendedor da indústria de vidros que recebeu cerca de 40 km quadrados de terras cedidas pelo então Presidente da República Getúlio Vargas, seu amigo particular, na região compreendida aos arredores e interior da Fazenda São Bento e demais regiões próximas, terras estas para atender a um grandioso projeto de construção de indústria de vidros, de expansão residencial e de turismo para a Cidade de Maricá. Infelizmente o projeto da fábrica de vidro foi apenas o início e uma forma de transferir os recursos arenosos para suas fabricas que foram implantadas na região de Mambucaba no interior de São Paulo, posteriormente, quando milhares de metros cúbicos de nossa valiosa areia praiana foram literalmente roubadas. Logo depois as especulações imobiliárias se iniciaram e as ocupações de terra desordenadamente foram aos poucos acabando com o sossego e conservação de nossas riquezas marinhas, da restinga, das reservas ecológicas e principalmente da conservação das lagoas que já nesta época começaram a ser destruídas e poluídas pelas ocupações desorganizadas e sem planejamento.

Na próxima semana estaremos publicando o Capitulo III
CAPITULO III
O SURGIMENTO DOS APROVEITADORES DE OCASIÃO

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