Protestos no Rio: Prédio da Alerj tem cenas de guerra civil

RIO - Após uma manifestação pacífica que durou três horas e reuniu 100 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, na Avenida Rio Branco - a maior já ocorrida no Rio da série de protestos que tomou conta de várias capitais do País - as imediações da Assembleia Legislativa foram palco de um violento confronto entre policiais e manifestantes,na segunda-feira, 17. Pelo menos cinco PMs e sete manifestantes foram feridos - pelo menos 1 deles a tiros -, e 77 PMs ficaram sitiados no Palácio Tiradentes.
Três carros foram incendiados e até dentro do edifício foi registrado um foco de incêndio, controlado em minutos. A Tropa de Choque chegou por volta das 23h15, mas a tensão continuava à meia-noite.
Cerca de 50 PMs haviam isolado o prédio da Assembleia com grades de ferros e faziam um cordão para evitar que o local fosse tomado pelos manifestantes, como ocorreu na quinta-feira, mas não conseguiram. A confusão começou às 19h45, quando alguns manifestantes lançaram morteiros na direção dos policiais. Os policiais agruparam-se e começaram a lançar bombas de gás lacrimogêneo. Não foi suficiente. Centenas de manifestantes gritavam para que tudo ocorresse "sem violência", mas nada impediu a tomada da Assembleia.
Guerra civil. Cerca de 300 pessoas correram aos gritos na direção dos policiais, na escadaria do prédio. A situação ficou totalmente fora de controle. Acuados, os PMs refugiaram-se dentro do prédio da Alerj. Houve cenas de guerra civil: os invasores comemoraram a tomada da escadaria, virando e incendiando um carro que estava estacionado ao lado do prédio e depredando carros e agências bancárias no entorno. Só na Rua da Assembleia, cinco foram destruídas. A do Banco do Brasil foi atacada por um rapaz que arrancou um orelhão instalado na calçada e o lançou contra a porta de vidro. As grades que os policiais usaram para tentar cercar o prédio da Assembleia foram usadas para fazer barricadas.
Os PMs lançaram bombas de gás de dentro do Palácio Tiradentes, pelas frestas da grade de ferro. Mais uma vez não conseguiram dispersar o grupo. Em seguida, alguns policiais tentaram chegar pela rua lateral, entre a assembleia e o Paço Imperial. Atiraram com balas de borracha e lançaram bombas, mas foram novamente acuados por um grupo de rapazes mascarados, que partiram para cima com rojões, morteiros, pedras e martelos. Nesse momento, um dos policiais foi espancado - segundo a PM, cinco ficaram feridos. Oficialmente, 150 policiais estavam na região.
"Se o Choque vier, vai ter derramamento de sangue. Não dá para a gente insistir com esse armamento não letal. Eles estão em muito mais gente. Não quero morrer, é melhor evitar", disse ao repórter um policial do 5.º Batalhão da PM. Manifestantes atearam fogo em sacos de lixo, montando fogueiras e barricadas na Avenida 1.º de Março e na Rua da Assembleia. As fachadas do Palácio Tirantes e do Paço Imperial foram pichadas. Manifestantes que tentavam destruir carros e bancas de jornal na confusão foram repreendidos por outros. "É de trabalhador", disse um dos críticos.
O estudante Matheus , de 17 anos, ficou até o fim da manifestação, mas criticou o grupo. "Eu vim aqui para outra coisa. Estava disposto a dar meu sangue pela luta, mas assim tá demais. Estava pacífico."
Seu colega, Rodrigo Nogueira, de 23, veio de Angra dos Reis, no Sul do Estado, e também lamentou o que aconteceu. "Isso não é manifestante. Acaba estragando tudo. Picharam o Paço Imperial, patrimônio nosso."
Paz. Mais cedo, toda a extensão da Avenida Rio Branco foi ocupada. Os manifestantes protestavam por diversas causas, do transporte público ao uso de dinheiro público em obras para a Copa de 2014. Durante o percurso, a passeata ganhou o apoio de muitas pessoas que ainda trabalhavam em escritórios localizados na via ou esperavam o fim da manifestação para ir para casa. Eles lançaram papel picado pelas janelas, em sinal de apoio, e os manifestantes agradeciam. "Quem apoia acende a luz", gritavam da rua, e as luzes piscavam. Duas grandes faixas na frente da multidão davam o tom do ato: "Não é por centavos, é por direitos" e "Somos a rede social".
Parte dos manifestantes, em sua maioria jovens e estudantes, levava flores, demonstrando que o ato tinha, de modo geral, motivação pacífica. Eles tiveram respaldo de profissionais que se prontificaram a ajudar em caso de arbitrariedades policiais: 60 advogados se colocaram à disposição para agir em caso de prisões ilegais e 20 estudantes de Medicina de jaleco branco se ofereciam para atender possíveis feridos.

A manifestação começou de forma festiva, com jovens cantando, em clima de carnaval. Naquele momento, policiais se restringiam a fazer uma escolta discreta. Manifestantes com bandeiras de partidos políticos foram criticados. 
Com informações de FÁBIO GRELLET, FELIPE WERNECK, HELOISA ARUTH STURM e SÉRGIO TORRES

Comentários

  1. São esses centavos de reajuste que vão financiar, em 2014, as campanhas eleitorais dos partidos que estão no poder.

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  2. Até em São Gonçalo teve protesto, e em Maricá ? Tá todo mundo feliz com a corrupção, o transporte, o asfalto, educação, saneamento, IPTU, taxa de iluminação pública, taxa de lixo ... ?

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