Advogado que pôs Nem no porta-malas responderá por falsificação de identidade

POR GABRIELA MOREIRA - Chegou a hora de o advogado André Luis Soares da Cruz, que se passou por cônsul do Congo, enfrentar a Justiça. Ele tentou usar o falso cargo para dissuadir a polícia de revistar o carro que dirigia, em novembro, na Lagoa. No porta-malas, estava o traficante Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, que fugia da Rocinha e foi preso.
A denúncia do Ministério Público contra André foi aceita e ele vai responder na Justiça Estadual por falsificação de documento público e uso de identidade falsa. André é acusado de falsificar a carteira de cônsul honorário da República de Congo e apresentá-la aos PMs do Batalhão de Choque (BPChoque) no dia da prisão do traficante, nas vésperas da ocupação da Rocinha. André também é processado por estupro e foi condenado por furto.
  Foto: Divulgação
Nem foi preso em novembro | Foto: Divulgação

Os demais advogados ocupantes do carro, que estão presos, foram a julgamento sexta-feira em processo por corrupção ativa. Luiz Carlos Cavalcanti Azenha e Demóstenes Armando Dantas Cruz, pai do falso cônsul, são acusados de oferecer R$ 20 mil aos policiais para que o carro em que Nem estava escondido não fosse revistado. O falso cônsul não responde a este processo, pois os PMs não o apontaram como um dos que tentaram suborná-los.
R$ 140 MIL SEM DONO
No carro, havia R$ 60 mil e aproximadamente 60 mil euros (R$ 140 mil). Nem disse, em depoimento, que a quantia de R$ 60 mil foi paga por ele aos advogados como honorários. Os euros, ficaram sem dono: nem o traficante, nem os advogados assumiram a responsabilidade. “Uma senhora saiu da casa onde o Nem estava e trouxe o dinheiro enrolado num pano de cor escura. Disse que era nossos honorários. Não chegamos a abrir para conferir”, tentou explicar Demóstenes, no julgamento.
PM e Polícia Civil em lados opostos
As polícias Militar e Civil estavam em lados opostos no julgamento. Os PMs do BPChoque eram testemunhas de acusação, e equipe da 82ª DP (Maricá) e o representante da Chefia de Polícia, inspetor Fábio Figueiredo, de defesa.  
“A única tentativa do delegado (no local da prisão) foi de tirar o carro dali imediatamente. Os advogados nos acusavam de cárcere privado e de estarmos rasgando a Constituição e o delegado (Roberto Gomes) concordava”, disse o tenente Ronald Cadar. Gomes reafirmou que negociava a rendição do traficante, o que Figueiredo confirmou.

Fonte: O Dia Online

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