Vale à pena ler de novo: Desvio de obras em Maricá?


Artigo de Adilson Pereira
            Maricá vem passando por um estranho ciclo de obras. O governo estadual espalhou outdoors por toda a cidade assumindo ser o pai da criança. O desprefeito, por sua vez, colou cartazes ao lado de cada outdoor do governo estadual, na tentativa de anunciar algo que camufle sua incompetência e consequente falência política. Enquanto isso, o PMDB local espalha jornais com datas falhas, recheados de erros de português, abrindo um CTI completo, com direito a desfribrilador para ressuscitar “boi morto”.
O problema é que o governador Sergio Cabral Filho, enfrentando crises na polícia civil, militar, Metrô Rio, Supervia, educação e, dando mostras de total inabilidade política no caso dos bombeiros, continua naquele seu conhecido morde-assopra, para ficar bem com todos, enquanto Maricá permanece sangrando. Obras ainda em execução, mas asfalto com pintura já concluída. Os que conhecem obras sabem exatamente o que isso significa.
            Na verdade, a intenção é aproveitar este momento em que os serventes do DER estão em alta para uma volta ao passado, em homenagem aos que gostam de um bom “causo”. O ano em questão é 2007, gestão do ex-prefeito Ricardo Queiroz, o “Sr. volta que eu voto”. Um convênio que chamou nossa atenção foi o de nº 027/2007, referente ao Termo de Convênio de Cooperação e Assistência Técnica, publicado em 17/01/08. Um bonito nome para referendar uma parceria entre o DER e a prefeitura. Vale salientar que o documento foi assinado pelo vice-governador “Pezão”, testemunhado por Paulo Melo e Fernando Lopes. O convênio diz respeito ao assunto inicial, um pacotão de obras, totalizando R$ 2.465.569,74.
            Com início e término previstos, respectivamente, para 12/2007 e 05/2008, nosso alvo principal é o último item do documento: QUADRO RESUMO DA RELAÇÃO DAS RUAS. Para começar a farra, temos uma lista de obras destinadas ao bairro Saco das Flores:
Rua 53
1º trecho
228,50m
Rua 53
2º trecho
205,40m
Rua 57
Trecho único
51,60m
Avenida 3
Trecho único
309,36m

            Basta dar um passeio pelos logradouros citados que veremos barro, lama e desrespeito ao cidadão. Protagonistas à parte, o que presenciamos é um verdadeiro assalto aos que realmente necessitam do serviço público.
            Um segundo ponto, que considero a piada do século, diz respeito a 14 km de “asfalso” na Estrada de Itaipuaçu. Prefiro que, após um passeio pelo distrito, os leitores tirem suas próprias conclusões do desatino da “Maricá de Cara Nova”, agora “Nova Maricá”.          
            A melhor parte sempre fica para o final. O último bairro contemplado seria Jacaroá, nas seguintes embocaduras:
Rua Ouvídio M. de Souza
Trecho único
429m
Estrada do Caju
Trecho único
657m

            Pobre Jacaroá. O resultado, como não poderia deixar de ser, é muito mais barro, muito mais lama e muito mais desrespeito ao cidadão. Porém, onde foi parar o calçamento? Basta acompanhar a Estrada do Caju até a longínqua bifurcação e raciocinar: Qual o motivo do calçamento ter ido parar lá? Foi aí que nos deparamos com uma incrível coincidência. Adivinhem quem morava nas redondezas? Nada mais, nada menos, que o próprio... O “Sr. volta que eu voto”.
            Nada disso nos abalaria, vindo de quem vem. Nossa maior surpresa ficou por conta de outras ditas celebridades que habitam a localidade. Será que uma das celebridades seria um grande empresário local, patrocinador da campanha eleitoral do “Sr. volta que eu voto”? Será que a outra celebridade seria um ex-diretor do Hospital Conde Modesto Leal (o “Portal da Morte”)? Este último andaria em Maricá de Uno Mille, mas é visto em Niterói num belíssimo Mustang conversível, no melhor estilo “Odorico Paraguassu”.
            Para que não pareça injustiça, existe uma gravação do então deputado federal, Fernando Lopes, dando conta do desvio de pavimentação. Uma pérola.
            Caso as memórias estejam enfraquecidas, um morador de Jacaroá, que batalhou para conseguir a pavimentação, seria um ex-secretário de fazenda do governo Rosinha Garotinho. Jacaroá fez festa prevendo que o bairro seria contemplado com a obra, mas nada chegou. Uma enganação digna da gigantesca rejeição de final de mandato do “Sr. volta que eu voto”. Seria interessante que todos assistissem ao ex-governador Garotinho em recente entrevista à TV Copacabana, dizendo que o “Sr. volta que eu voto”, o Robin Hood às avessas, traiu o povo de Maricá.
            Os palanques logo serão montados. Os mesmos rostos virão, fazendo as mesmas promessas, achando que o mundo gira ao seu redor. Esta roda gigante viciada instalada em Maricá precisa ser cortada na raiz. Uma raiz apodrecida e fragilizada pela vergonha das páginas policiais e o constrangimento da decadência. Será que nos palanques vindouros o “Sr. Pezão” terá a nobreza de dar uma satisfação sobre o calçamento desviado no convênio assinado por ele mesmo? Esperamos que o deputado Paulo Melo, “testemunha fiscal” do convênio, num surto de respeito ao cidadão maricaense, se posicione a respeito, considerando que após as eleições sequer veio agradecer pelos votos recebidos.
            “Volta que eu voto” nem chega a ser uma frase... É um blefe! Diga não ao ciclo das águas poluídas, pronto para trazer chuva ácida sobre nós.
Fiquemos atentos... Se tentarem voltar, não vote!          

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