Por que Dilma não demitiu Gilberto Carvalho por ter dito que ela pregou desobediência a ordem judicial?

Por Jorge Serrão - As frágeis instituições democráticas brasileiras foram reprovadas em mais um teste de autoritarismo promovido pelo governo petralha. Como de costume, não houve reação enérgica contra a declaração dada terça-feira pelo secretário geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, de que a Presidenta Dilma Rousseff teria afirmado ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de que “deveria ter sido desobedecida” a ordem judicial para reintegração de posse da fazenda Buriti, invadida por índios terena, em Mato Grosso do Sul.

Gilberto Carvalho é Secretário Geral da Presidência da República. Fale oficialmente em nome do governo. Logo, a declaração dele (mesmo desmentida agora) foi uma clara mensagem de ruptura da ordem legal, democrática. Cometeu-se mais uma transgressão autoritária – com o Poder Executivo claramente provando que pode afrontar o Poder Judiciário, a hora que bem entender, pois nada vai acontecer por causa de tal violação da ordem republicana. No Brasil, pode-se cometer crime de responsabilidade que ninguém é punido.

No mínimo, Dilma deveria ter exonerado Carvalho, por ele ter falado em nome dela. Se Dilma não demitiu é porque, no fundo, está conivente com o homem de confiança de Luiz Inácio Lula da Silva que manda a desmanda no governo. Ou, então, porque realmente não tem mesmo a menor força como “Presidenta” – embora suas caras, bocas, gestos e declarações tentem sempre vender a imagem marketeira (absolutamente falsa na realidade) de uma gerentona capaz de tomar decisões duras.

Ontem, como de costume, Carvalho alegou que Dilma não tinha dito nada daquilo e que suas palavras foram mal interpretadas. Gilberto Carvalho teve a cara-de-pau de mentir que “tinha se equivocado”.  A gravidade institucional da declaração de Carvalho – que não foi uma gafe e sim mais um arroubo de autoritarismo petista – obrigou a própria Dilma a usar a entrevista coletiva no Fórum de Mudanças Climáticas para tentar desfazer a lambança: “O governo brasileiro cumpre a lei rigorosamente. O que a Justiça dispõe para nós fazermos, nós cumprimos”.

Mais patética que a declaração de Dilma – sem detonar Carvalho do governo – foi a nota oficial soltada ontem pela Secretaria Geral da Presidência da República. No papel, Carvalho alegou que “em nenhum momento a presidente (ops!) fez críticas ao ministro Cardozo pelo fato de a Polícia Federal estar cumprindo ordem judicial”. Ainda no papel, a turma do Carvalho cumpriu o ato humorístico de justificar que o ministro “cometeu um equívoco”: “O ministro afirma que tentava demonstrar a dor da Presidente (sic) Dilma com a morte de um indígena ocorrida naquela ocasião e a insistência dela na utilização do método da negociação e do diálogo na resolução de conflitos”.

A Segurança do Direito no Brasil foi novamente desrespeitada. Para piorar, em uma decisão política de colocar panos quentes na história, a Justiça Federal em Mato Grosso do Sul suspendeu a reintegração de posse da Fazenda Buriti. A decisão valerá até o julgamento de um recurso no Tribunal Regional Federal. Domingo, cumprindo a lei, a juíza federal Raquel Domingues do Amaral, concedeu a liminar que dava 48 horas para a desocupação. Como a medida foi derrubada, a desordem legal continua imperando.

O índio faz o que quer no melhor estilo criminoso. Os petralhas caras-vermelhas os apoiam. A cúpula do Judiciário acaba conivente com a desordem, em nome de uma pretensa necessidade de “manter a paz e o diálogo”. É por esta e outras que, no Brasil da impunidade, os bandidos de todas as espécies afrontam a ordem legal e, no final das contas, o crime sempre compensa para eles. A anomia não está em vigor porque temos excesso de leis. Mas a falta de respeito a elas, sem qualquer punição efetiva, virou regra há muito tempo e a sociedade, ignorante ou conivente, aceita tudo passivamente. 

Fonte: Alerta Total  


Comentários

  1. A sociedade ignorante e conivente também vota neles. Essa população não exige maiores investimentos em educação, na qualificação de professores, na modernização do ensino básico. Sem uma massa populacional educada e esclarecida continuaremos a reproduzir esses canalhas no poder.

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